domingo, 21 de agosto de 2011

Trancoso-São Mamede de Infesta em bicicleta

Estou em fase de descanso e nos últimos 15 dias fui 3 vezes à piscina e fiz 40 Km de bike. No entanto, hoje, resolvi vir de Trancoso de bike. Andei perdido entre Resende e Entre-os-Rios… Nada de complicado. Acabei por pedalar mais de 210 Km e, cerca de 8:30 horas, a uma média em torno dos 25 Km/h.

Só apanhei chuva nos últimos 20Km, mas tudo ok…

Abraços… vou continuar o descanso…

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Em período de reflexão…

(antes de postar a "tal" reflexão, quero agradecer aos que me felicitaram por estes dias. Foram muitos, e sei que outros o não fizeram por estarmos em período de férias... a eles também agradeço... Não vou nomear aqui a malta porque seriam muitos... também contam os do Facebook, dos SMS e e-mails)

...


Como estou em fase de descanso, entrei em período de divagação e novos projectos. Estou a pensar em várias possibilidades: maratona do sol da meia-noite (Noruega: Tromso, a 30 de Junho de 2012… ), que é uma viagem que permite contactar com outra sociedade, compreender os outros e conhecer-mo-nos um pouco melhor... Ou então repetir a façanha da distância IRONMAN numa versão mais “curta de orçamento”, reduzindo a estadia no local do evento ao fim-de-semana: Ironcat, Ampola, Espanha a 12 de Maio de 2012 … Ainda tenho em mente os 101Km de Ronda, que ainda está sem data marcada… que poderia ser feito na versão turística (1 semanita no sul de Espanha) ou na versão de orçamento curto…

Mas também temos que ver onde nos leva esta crise, e a vida, porque há nuvens muito negras a pairar nos nossos céus…

Mas a reflexão não é só divagação… alguns dos meus companheiros de blogosfera deram-me deixas para poder deambular um pouco mais por pensamentos…

Chorar ou não chorar…

O Nuno (no Facebook) e o Pinheiro, num comentário aqui no blog, fazem uma referência à minha contenção do choro no momento em que me emocionei ao passar por público que aplaudia e dava força a todos os atletas, ainda na fase inicial da maratona do Ironman Regensbourg… eu sei que é meio na brincadeira… 

Ora, quando escrevi o que escrevi, quis transmitir o sentimento tal qual o vivi… é verdade que contive o choro, é verdade que pensei que não fazia sentido chorar por “aquilo”. Mas não é por achar qu
e um homem de 38 anos não deve chorar. Bem pelo contrário, eu choro. Choro, normalmente, de alegria ou de tristeza. Choro quase sempre quando tenho a minha mulher e filhos envolvidos… ou outras pessoas de que gosto muito muito. Também choro, por exemplo, por causa dos meus pais e irmãos. Repito: por tristeza e por alegria (a última vez que chorei, nem sequer parei de chorar de alegria, para passar a chorar de tristeza…). Mas, eu sei que ainda chorarei lágrimas que não derramarão a dor que hei-de sentir. Nesse dia não haverá racionalização que me valha. E essa contenção (na prova de Regensbourg) representa isso mesmo: uma estranha espécie de poupança de lágrimas (isto é o Psicólogo a falar, não eu) para as dores que sei que virão. Adoro o triatlo, foi uma sensação incrível fazer aquela prova, chegar ao fim, sentir aquele privilégio de contemplar a festa por dentro, de sentir o meu corpo de dentro de mim, as minhas sensações no percurso, perante o feito… Mas, eu pratico desporto porque quis recuperar algo de mim que estava quase perdido: o meu aspecto, a minha saúde, a imagem que os meus filhos terão para todo sempre do pai. As alternativas eram (1) a de um homem muito dedicado ao trabalho (workaholic), fumador, quase obeso e com aspecto doente, que chegava a casa e mal conseguia levantar-se do sofá… não tinha forças para brincar com eles, para os empurrar no triciclo, ou na bicicleta; e a minha opção foi (2) dedicar-me ao desporto, estar em forma, sim, porque todos os dias sou capaz de carregar com o meu filho mais velhos às cavalitas… no dia seguinte ao Ironman carreguei com ele pelas ruas de Regensbourg… ter um aspecto mais saudável, ser mais jovial, mas calmo e lúcido: ser um bom exemplo para eles. E isto é o mais importante para minha vida. Percebo que haja muitas motivações para se praticar desporto. Uns é porque querem alcançar grandes feitos, outros porque adoram a sensação da competição, outros porque querem imaginar-se um pouco como atletas e outros até porque querem ser “o único” cá do burgo a fazer aquela prova/distância … se calhar também tenho muito disto que para aqui estou a dizer… e eu respeito estes sentimentos e estas razões. Mas, para mim, a razão maior é ser uma pessoa com bom aspecto, praticante de desporto, capaz de realizar feitos que orgulhem os meus filhos hoje e sempre, tentando tirar algum prazer disto. Agora, os objectivos que estabeleço, os projectos, são a estratégia que arranjei para me mater a praticar desporto…

A família…

Por muito que haja pessoas na minha família que não o compreendem, a primeira razão disto tudo é mesmo a família. Se não tivesse filhos, provavelmente não particava triatlo. Por essa razão é que também empurro os meus treinos para os “buracos” da minha vida. Não treino às 5 ou 6 manhã porque a qualquer momento os meus filhos acordam e passo a ter responsabilidade nas tarefas que têm que ser feitas. E se estou a treinar, sobrecarrego a minha companheira (não posso esquecer que tenho treinos de 2 e 3 horas, o que, conjuntamente com o banho, implicaria estar quase até às 9h ocupado com aquilo… isto, se acordasse às 4:30h). Por isso, treino à noite, e os atrasos e demoras têm o maior impacto nas horas que durmo… Faço-o, normalmente, depois de deitar o meu filho mais velho e, é verdade, deixo a minha companheira encarregue de deitar o mais novo… e nisto ela fica desapoiada… É claro que a família também perde quando tenho que treinar as manhãs de Sábado e Domingo… mas tenta-se compensar com uma tarde 100% dedicada (mesmo que completamente rotos…), ou então acordamos mais cedo para estarmos em casa a tempo de fazer o almoço (entre as 6 e as 11 horas dá para muitas horas de treino + banho)... Outra nota: nos últimos 6 meses abdiquei completamente de trabalhar em horário pós laboral, recusei trabalho, trabalho que era bem pago… tudo para poder estar mais tempo com a família numa fase em que sabia que treinaria mais horas que o normal. Nunca na minha vida profissional tive o meu horário tão contido ao horário normal de trabalho, como nos últimos 6 meses. Nunca passei tanto tempo com a família como nos últimos 6 meses… e isto foi dificílimo …

Isto foi o que eu procurei fazer e fiz. Porque a minha principal motivação é o orgulho que quem me rodeia tem em mim. É uma parte do orgulho que quero que os meus filhos tenham em mim… mas não é só isto.

Sim, a minha família sacrificou-se, mas eu procurei fazer com que nem dessem por isso. Estou certo que os meus filhos e a minha companheira nem sabem bem quantas foram as horas que passei a treinar… enquanto dormiam.

E eu amo-os.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ironman finisher… 11:57:43

Bom, por estes dias não consegui parar para escrever um pouco sobre o que foi esta experiência, e só agora arranjei o momento para dar o feedback a todos os que por aqui passam e têm curiosidade em saber os sentimentos que me suscitaram ser um Ironman finisher.

Os dias que passámos na Alemanha foram calmos, num hotel rural de uma família que nos acolheu de forma muito simpática e na companhia da minha própria família, e dois colegas (o Daniel e o Faber)… não houve “treinos”, apenas uma corridinha de 5Km, uma voltinha de bike de 20Km e umas braçadas no Guggenberger See, onde decorreria o segmento de natação… o tempo foi passado em passeios pela Floresta Bávara, pela cidade património mundial, Regensburg, numa Volksfest (festa bávara)… ou e, simples passeios pelas aldeias… foi óptimo para descontrair e acabei por conhecer uma parte significativa do percurso de ciclismo.

Acabei por não sentir muito nervosismo… e apenas uma falha do fecho do fato isotérmico, 15min antes da largada, fez acelerar-me os batimentos cardíacos (pelo menos assim o senti) para valores mais altos.

Conjuntamente com o Daniel e com o Faber (que já tinha feito esta prova há um ano atrás), optámos por nos posicionarmos à esquerda do local da partida da natação. Para mim resultou bem… Ainda se tocou/cantou o hino alemão. Olhei à volta e vislumbrei muitos olhares humedecidos… eu: não senti quase nada.

Largada… e aí vamos nós, mais de 2000…

Este segmento foi feito em gestão de esforço. A “coisa” estava a começar. Até deu para recapitular como seria a transição para o ciclismo e de me lembrar que não tinha colocado o contador dos Kms da bike a zero… Tentei seguir os pés de outros companheiros, mas muitas vezes nadei lado a lado, assim, não tinha o trabalho de ser eu a fazer as despesas de orientação… optei sempre por um ritmo calmo, sem forçar, e até deu para reparar no mar de gente que rodeava todo o lago.

As distracções com estas coisas faziam-me perder qualidade técnica na natação e de vez enquanto pensava nisso e tentava ser mais certinho. Fui sempre confortável e quando cheguei à última bóia, estaria a 200mts de sair do lago, lá resolvi acelerar e fui mais forte. Sai da água, olhei o meu Garmin e vi 1:14:00 … o que, sinceramente, me surpreendeu, porque achei que estava a nadar para 1:25:00 …


A transição foi feita com calma, mas sem qualquer percalço. Recolhi o saco, tirei o fato isotérmico, vesti as roupas de ciclismo … esperava-nos muita chuva… protegi-me do frio que iria ter… e fui buscar a bicicleta. Montei-a e… de repente, estava no meio de um mar de gente… aqui sim, deixei-me levar pelo vento que tinha pelas costas e pelo imenso público que abarrotava as bermas da estrada. Sei que sorri muito, muito mesmo, por dentro emocionei-me imenso: aquela gente toda que rodeava o lago estava agora a gritar, aplaudir e a apoiar todos os ciclistas.

Ao longo de todo o segmento de ciclismo havia muitos grupos de populares a apoiar os atletas, algo que não mais esquecerei. Uns mais entusiastas, outros mais calmos, fizeram do acto de assistir ao ciclismo uma enorme festa. Mesmo com chuva, havia barraquinhas improvisadas em que serviam chá (?) ou café (?) e bolinhos, que tornava o acto de ali estar, algo prazenteiro (para o público). Mas que para nós (atletas) foi espectacular (“super”, gritavam eles…)…

Também no ciclismo, foram 180 Km que fiz em gestão de esforço. Aos 90Km tinha uma média de 30Km/h e aos 180Km, 29Km/h. Demorei 6:11:00 … dentro do que achava perfeitamente aceitável. As subidas entre os Kms 15-30 e 95-110 eram bem difíceis e resolvi ir sempre calminho, sem pensar na média.

No entanto, momentos houve em que tentei aumentar o ritmo com o objectivo de fazer este segmento em 6h… Mas, perante uma sensação de cansaço maior ou com a percepção da respiração a ficar mais ofegante, acalmava. Só senti as pernas pesadas (ou pelo menos, foquei-me nisso) entre os 40-60Km, na fase plana, depois da primeira subida e numa fase em que tínhamos o vento pela frente (que chato que foi)… e, novamente, depois dos 160Km. Foi mesmo por volta dos 160-170Km de ciclismo que me deparo pelo primeiro grande desafio do dia… Não havia volta a dar-lhe… o cansaço estava lá, as pernas pesavam e havia muitas pequenas moléstias nas pernas… já eram muitos quilómetros. A dúvida surge naturalmente: “será que vou ser capaz de correr uma maratona?”… a resposta não me surgiu logo. Apenas com o início da corrida a tive.

Os últimos 10Km foram feitos por acessos à cidade de Regensbourg, por entre rotundas e muito ziguezaguear… até ao local da transição. Esta foi feita com algum improviso. Levei a bicicleta até ao local onde ficaria, tirei os sapatos de ciclismo e corri para o WC (foi o meu único xixi da prova…aliás, também fiz na natação)… recolhi o saco e troquei de roupa. Comecei a correr e segui lento, porque estava com dificuldades em colocar o gel no cinto (queria utilizar a minha alimentação, à qual estava habituado… era mais líquida). Mas… sentia-me bem…

A maratona consistia em 4 voltas de 10,5Km, com os primeiros 3 pela zona antiga da cidade, com imenso público, e os outros 7 por um parque urbano pelas margens do rio Danúbio… haviam zonas de empedrado e alguns topos que chateavam a malta (todos é claro)… Mas foi no primeiro contacto com uma enorme massa de gente que mais me emocionei. O primeiro Km estava cheio de gente a gritar e aplaudir… foi emocionante. À minha frente alguns atletas paravam para cumprimentar familiares… e ao passar pela bifurcação que separava as voltas do acesso à linha de meta, o público era absolutamente louco no apoio aos atletas. Muita emoção mesmo.
Só não chorei porque racionalizei e não me fazia sentido um homem de 38 anos verter-se em lágrimas por causa “daquilo”…

Bom, resolvido o problema da colocação do gel, em sítios acessíveis (não só no cinto), percebi que estava a correr bem. Houve momentos em que vi o meu Garmin a 4:45 (o público entusiasmou imenso)… mas abrandava… Mesmo a 5:00 era rápido de mais… o plano era 5:20 – 5:30… E assim fui. Mas, pouco tempo depois (aos 10Km), tinha que forçar o ritmo para estar nos 5:30… tentei fazer um pequeno esforço. E aos 20Km reavaliaria a coisa. A partir dos 20Km só conseguia ir a mais de 6:00… continuei, estava na zona de muito público e distraído, lá segui. Com os 23 km achei que estava a ficar KO… algumas dúvidas me assolaram naqueles momentos (nesta altura estava a passar mal).

Tinha planeado andar quando me sentisse muito mal, mas contava que acontecesse apenas na última das 4 voltas… e eu ia na 3ª. Ao Km 25, resolvi seguir a pé. Ainda era capaz de continuar a correr, mas resolvi acalmar logo ali… Até aos 31 Km fui a correr e andar, e com algumas dúvidas. Mas o reencontro com a família (foi difícil encontrá-los nas voltas anteriores) deu-me muita força. A última volta foi lenta, mas muito confortável. Decidi que andaria nas subidas e nos postos de abastecimento. Assim o fiz, e quando corria, era sempre abaixo dos 6:00… ultrapassei bastante gente na última volta e estava a sentir muito, mesmo muito prazer. Ajustei o ritmo para fazer abaixo das 12 horas. Dei-lhe uma margem de manobra… e foi a esse ritmo que fui. O prazer foi enorme… Na recta da meta, o Alexandre, o meu filho mais velho estava lá no meio com uma bandeira de Portugal numa mão e com a outra esticada, com outros miúdos, a cumprimentar os finishers. Agarrei-lhe nessa mão esticada e seguimos juntos para a meta (o André, o meu filho mais novo, dormia)… foi espetaaaaaaaaaaaaacular. Acabei.

Nunca acabei uma maratona tão confortável, tão capaz de olhar à volta e tirar prazer de tudo, do sorriso do Alexandre (ainda a correr para a meta), da felicidade de todos os que estava ali a acabar também.

Aconselho.

Repetirei.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ironman Regensbourg

Boas.
Amanhã parto para Regens-bourg, conjuntamente com o Daniel (AASM) e com o Faber (Individual). O Emanuel, por causa de uma lesão, fica em Portugal. Na prova, teremos a companhia de mais 2 portuguesas do Ribabike, Associação 20 Km de Almeirim (pelo menos constam na Start List). Espero poder encontrá-los e transmitir-lhes apoio. Seremos mais de 2500 na linha de partida...

Pessoalmente, este é o maior desafio desportivo da minha vida. Até há bem pouco tempo nunca pensei em estar a 5 dias de enfrentar a tentativa de concluir um triatlo na distância Ironman. Mas estou com pensamento positivo relativamente “à coisa”. Tenho a sensação que o pensamento positivo não é, pelo menos em sua grande parte, intrínseco à minha personalidade, mas sim, resulta de uma preparação por que passei: delineei um plano (minimamente sustentado), consegui cumpri-lo em grande parte e passei por muitos sacrifícios e dificuldades para o levar a cabo.

Foram muitos os dias em que saí de casa às 22:30 para fazer uma corrida de duas ou quase três horas (regressava depois da 1:00, tomava banho, comia alguma coisa, desacelerava, e lá ia dormir… no dia seguinte estava de pé às 6:00, 7:00 ou 8:00, confirme a necessidade). Foi à noite, que mais treinei. Tentei sempre não perturbar muito a família, o que nem sempre foi fácil... Mas qualquer outra opção era pior. Assim, lá fui treinando.

Também tenho um novo projecto profissional em mãos, no qual estou a investir bastante, mas aqui o objectivo é ter mais controlo sobre o meu quotidiano laboral, sem que isso implique mais trabalho, ou melhor, mais horas de trabalho (é um desafio difícil, principalmente neste contexto de crise económica, mas até agora não me trouxe muito stress) … isto não me perturbou o treino.

Ora bem, agora tenho pela frente 3,8Km a nadar, 180 Km de bicicleta e uma maratona a correr. Nenhuma das distâncias me é estranha individualmente… Mas agora é tudo seguido, sem parar. Há algum tempo que faço uma conta simples: 1:15 a nadar, 6:00 na bike e 4:00 na corrida… mais 5’ para cada transição. Resultaria num tempo final de 11:25h. Pergunto-me se é optimista (?). Respondo-me: SIM. Mas, pensando de forma mais realista: 1:20 a nadar, 6:15 na bike e 4:30 na corrida (mais 5’ para cada transição). Desta feita resultaria num tempo final de 12:05. Logo, o meu 2º objectivo (o 1º é sempre concluir a prova) é: baixar das 12h. Sendo as 11:25 o meu marco de referência para um bom tempo.

Vamos lá sistematizar:
PRIMEIRO OBJECTIVO: Concluir "a coisa";
SEGUNDO OBJECTIVO: Baixar das 12h;
TERCEIRO OBJECTIVO: 11:25h.

NOTA: Há que ter em consideração a confusão que vai ser a natação, algumas dificuldades (rampas) na bicicleta... mas também vai estar bom tempo (nublado... e sem chuva, como eu gosto).

Até Domingo.